quinta-feira, 30 de julho de 2020

AMCHAM - O fim das estabilidades: como trazer mudanças de negócio velozes em momentos de crise

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Em um voo da American Airlines em junho, uma passageira se viu sentada na mesma fileira com outros dois passageiros, no auge da pandemia do coronavírus. Ao ver assentos vazios na fila atrás de onde estavam, mudou de lugar, na tentativa de cumprir o distanciamento social durante a viagem. Antes da decolagem, uma atendente pediu para que voltasse ao assento original, já que aquelas eram poltronas na saída de emergência - geralmente locais mais caros. Mesmo diante da justificativa de segurança e distanciamento, as atendentes deram apenas duas opções para a passageira: voltar para seu assento original ou pagar a mais para sentar ali.

Rita McGrath, professora da Escola de Negócios de Columbia (NY) e especialista em estratégias de inovação e crescimento em tempos de incerteza, usou essa história como um exemplo negativo de como as empresas tenderão a voltar para o business as usual após a COVID-19. “A pandemia revelou que algumas coisas que tomávamos como certas no mundo dos negócios não são mais confiáveis. Isso trouxe questionamentos de quais são os fatores que, de fato, levam companhias ao sucesso. As empresas que estão pensando em novos modelos de negócios ou buscando mudar a maneira com qual fazem as coisas vão sair melhor do que as empresas que vão tentar voltar ao jeito que as coisas eram. E existe uma tendência para voltar para esse conforto”, explica McGrath, ao citar o exemplo da American Airlines.

Se, por um lado, temos empresas que se recusam a enxergar as mudanças desse ponto de inflexão, McGrath lembra de negócios que conseguiram pivotar de maneira bem sucedida. Como exemplo, a professora citou a Timberlane, empresa americana que fabrica venezianas e persianas e que viu sua demanda cair drasticamente durante a pandemia. Por outro lado, os executivos da empresa perceberam a ascensão da demanda por equipamentos de proteção individual. A empresa usou suas instalações para fabricar equipamentos de proteção para hospitais, como máscaras protetoras. O movimento deu tão certo que a empresa precisou contratar mais pessoas para dar conta da demanda. Um ótimo exemplo de empresa que viu uma vantagem competitiva transitória - conceito criado por McGrath e que explica como empresas devem explorar oportunidades efêmeras com velocidade para inovar. A autora considera que a estabilidade pode ser fatal - e a pandemia trouxe esse dilema de maneira clara para negócios do mundo inteiro.

MCGRATH ‘no Brasil’

A professora, autora do best-seller The End of Competitive Advantage, considerado ‘a maior paulada já recebida’ nas ideias do guru da administração Michael Porter, dará um workshop de negócios exclusivo para lideranças empresariais brasileiras em agosto. A Missão Digital de Inovação Emergencial é uma atividade promovida por nós. Vamos liderar uma delegação de empresários brasileiros numa imersão e benchmarking digital envolvendo reuniões de compartilhamento de estratégia com multinacionais americanas avançadas no que diz respeito a vantagens transitórias e inovação emergencial. Em cinco dias, os executivos brasileiros dividirão sua semana em aulas matinais sobre transformação ágil com McGrath, seguidas de reuniões práticas de negócios com lideranças das principais corporações dos Estados Unidos.

“As decisões que os líderes tomam agora impactarão diretamente na prosperidade imediata e de curto prazo de seus negócios. Por isso, falamos em ‘inovação emergencial’ - ou seja, aquela que acelerará as decisões estratégicas que moldarão nossos negócios e o modo como eles funcionam. Por isso, rompemos as fronteiras do mundo presencial e construímos uma Missão Internacional completamente digital com uma das maiores referências em estratégia, inovação e empreendedorismo da atualidade”, explica Deborah Vieitas, nossa CEO.

Em cinco dias intensivos de aulas, McGrath abordará os principais problemas para manter uma gestão dentro de um ambiente instável e quais ferramentas as lideranças deverão usar para atingir seus objetivos. “Falaremos sobre como navegar durante um ponto de inflexão, como prever o que está vindo para tomar decisões assertivas agora, e como captar o que chamo de ‘early warnings’, esses fracos sinais de possibilidades de mudança, sejam ameaças ou oportunidades, e como um líder pode construir uma organização que consiga compreender essas mudanças”, explicou a professora.

A crise que abre diálogos

Uma das movimentações que estão acontecendo globalmente, segundo a especialista, é o questionamento sobre que tipo de negócios a sociedade quer ter. Exemplificando, a professora cita a cidade de Veneza. “Os habitantes de Veneza estão amando sua cidade de novo. Algo que estava provocando conflitos na cidade era o aumento de mega-cruzeiros, algo que a pandemia pausou. E é esse o questionamento, porque precisamos desse tipo de turismo? São embarcações que trazem dificuldades de mobilidade para a cidade, são ruins para o meio ambiente e não oferecem nada aos negócios locais. Então por que eles existem? Alguém está fazendo dinheiro com isso, mas vamos começar a questionar mais esse tipo de negócio”, explica.

Como transformar o brasil na próxima startup nation?

Sobre o Brasil, a professora enfatizou a necessidade de criar mais incentivos para o mundo empreendedor, dando exemplos de países como Israel, Finlândia e Noruega. “Precisamos olhar para o Brasil e enxergar que tipo de políticas existem no país: elas incentivam pessoas empreendedoras? Acho que é o primeiro passo”, explica. Para a professora, é preciso encontrar os pontos fortes da economia brasileira e estruturar esse mercado para que mais empreendedores encontrem o seu espaço. Atualmente, a professora vê problemas de incentivo, com legislação pouco eficiente de Propriedade Intelectual e a corrupção, que acaba por criar mais instabilidade para investir.

Fonte: Câmara Americana de Comércio

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