A Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) anunciou nesta
sexta-feira (21) a suspensão até dezembro dos reajustes anual e por
faixa etária nas mensalidades de todos os planos de saúde, incluindo
contratos individuais e coletivos. A medida tem problemas, já que os
reajustes já aplicados pelas operadoras não sofrerão mudanças e também
não ficou definido se poderá haver cobrança retroativa pelo tempo de
suspensão do reajuste.
“A mudança atende aos pedidos das
entidades de defesa do consumidor, mas a medida deixa a desejar ao não
assegurar que os consumidores estariam protegidos de futuras
recomposições. Ficou evidente na fala de quatro dos cinco diretores da
ANS, assim como em seus relatórios técnicos, que o setor apresenta
ótimos resultados e teve redução de custos. Para o Idec, não se pode em
hipótese nenhuma, nem agora nem no futuro, repassar os custos deste
período ao consumidor”, afirmou a diretora executiva do Idec, Teresa
Liporace.
A decisão foi tomada em reunião extraordinária da
diretoria colegiada da ANS após pressão feita por diversas entidades de
Defesa do Consumidor. Após receber diversas reclamações de consumidores
que relataram receber altos reajustes, o Idec enviou uma comunicado para
a ANS solicitando a suspensão dos reajustes, visto que a operadoras se
beneficiaram financeiramente do período de pandemia. Números da ANS
mostram que durante a pandemia, com a redução de consultas e cirurgias
não-urgentes, as empresas tiveram folga no caixa com a redução do uso
médio dos planos de saúde de 76% para 64%, entre abril e maio de 2020.
Infelizmente
a agência também foi omissa ao não decidir nada sobre consumidores que
já sofreram reajustes neste ano. Já existiam, desde que ela começou a
publicar seus boletins específicos sobre a Covid-19, evidência de que o
setor estava indo bem economicamente. Ainda temos o problema histórico
de falta de transparência nos percentuais aplicados nos planos
coletivos, que deveriam ser apresentados com cálculos e dados que
justificassem os aumentos. Uma vez mais, a ANS falhou em proteger os
consumidores, o que é especialmente grave considerando o momento atual,
completou Teresa Liporace.
Nesta quinta-feira, o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, já havia afirmado que se a ANS não
tomasse providências, colocaria em votação na próxima semana o PL
1542/2020, de autoria do senador Eduardo Braga, que prevê a suspensão do
reajustes dos preços de planos de saúde. Continuaremos pressionando o
parlamento para aprovação de projetos já em tramitação e que resolvam
lacunas deixadas pela ANS e avaliaremos outras medidas, reforçou a
diretora executiva do Idec.
Fonte: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
IDEC - Com medida incompleta, ANS suspende reajustes de planos de saúde
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